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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

TRÁFICO DE DROGAS X TRÁFICO DE INFLUENCIA. Resultados desproporcionais.

Crime dos ricos: comemoração pela impunidade
 Crime dos pobres: firmeza do estado.
Ao chegar a Natal, vindo do Rio de Janeiro e assistir aos jornais locais nesta segunda feira, percebo que, tanto lá como aqui, o crime é a principal pauta dos noticiários. Existe, porém, uma enorme diferença que mostra o tratamento dado ao crime, dependendo de quem seja a sua autoria, tanto lá quanto cá.
Lá, o alvo das operações desencadeadas pelas forças policiais são pobres, pretos e favelados, “aviões a serviço do tráfico de drogas.
Aqui, o alvo são pessoas ricas, brancas moradoras de condomínios de luxo, a serviço da administração pública.
Lá as ações efetivadas tiveram resultados concretos. A ocupação militar das comunidades da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, resultaram, após alguns contratempos às pessoas honestas que moram nessas comunidades, na apreensão de vária pessoas, na morte de pelo menos trinta e na apreensão de toneladas de droga e armamentos, além da desarticulação temporária do varejo do tráfico nessas comunidades.
Aqui, as operações NÃO tiveram, pelo menos até agora, resultados concretos. Ninguém foi preso até agora, ninguém foi ferido, muito menos morto. A não ser se botarmos nessa conta as pessoas pobres que morreram pela falta de assistência médica, causada pelo desvio de quase três milhões de reais pelos acusados na Operação Hígia. Ou na grande quantidade de pessoas que são mortos por causa do tráfico de drogas, tanto lá, quanto cá, pela falta da presença do Estado em ações cidadãs, com saúde, educação, oportunidades de trabalho.
Até quando a presença do Estado só chegará às comunidades carentes de lá ou de cá, em ações externas como as mostradas de forma sensacionalista pela Rede Globo na última semana? Para refletir: Como é que a Rede Globo estava com o seu Globocop naquele exato momento da fuga dos bandidos, se nem o próprio BOPE, ainda tinha chegado lá? É no mínimo estranho.

Edson lima
Coordenador de Comunicação – SINTEST/RN
Presidente do Conselho comunitário do Conjunto Niterói

Presidente do CC-Niterói escreve sobre violência no Rio de Janeiro

 Com o sr. "Zé Baixinho", morador da Comunidade Santa Marta, RJ
O presidente do Conselho Comunitário do Conjunto Niterói, professor Edson Lima, participou entre os dias 24/11 a 29/11, do 16º Curso do NPC no Rio de Janeiro. O Curso trata do poder da mídia e da comunicação dos movimentos sociais, sindicatos, conselhos comunitários, associaçãoes, entre outras. Por uma dessas coincidências da vida, foi testemunha quase que ocular dos fatos que sacudiram a cidade maravilhosa no referido período: a queima de carros, ônibus, ataques a postos policiais e a reação das forças do Estado.
O artigo que se segue foi escrito no auge da crise, no dia 25/11/2010, no extao momento em que os tanques da Marinha começaram a subir (os "caveirões" foram parados pelas barricadas) e os traficantes, a fugir pelo mato rumo ao complexo do Alemão.

Rio de Janeiro: A guerra na mídia 

Vivemos nesse momento no Rio de Janeiro um exemplo vivo do poder da mídia, de influir no comportamento das pessoas.
Enquanto participamos do Curso do NPC com o  tema “O poder da mídia no século XXI”,o conflito acontece lá fora.
Na TV, cenas de guerra, aqui tudo em paz. Ao ver as imagens feitas pela cobertura ao vivo da Rede Globo quem está distante tem a impressão que a cidade toda virou uma praça de guerra. Não é o que acontece. Os conflitos acontecem na Vila Cruzeiro próximo ao complexo do Alemão.  Lá a coisaa é séria. Tanques da marinha abatidos possivelmente por tiros, traficantes em fuga desabalada no meio do mato, carros queimados e muita fumaça preta. Aqui, no centro do Rio a vida segue.
O comportamento das pessoas mudou dada a cobertura sensacionalista da principal rede de televisão do país, uma das empresas que mandam na mídia no Brasil. Parece até jogo do Brasil na Copa do Mundo. O povo parado em frente as televisões nos bares e lojas curiosos com os acontecimentos. O lado mais dramático é ouvir comentários dos trabalhadores que, ao terminar o dia de trabalho vivem a incerteza ao voltar pra casa. As famílias ligam desesperadas avisando para que não voltem essa noite, pois a comunidade está quase que sob toque de recolher.
Para as pessoas que estão longe do centro dos acontecimentos um aviso. A coisa segue dentro da normalidade no Rio de Janeiro.
Um fato curioso aconteceu aqui, em frente à Caixa Cultural. De repente, um burburinho dentro do prédio. As pessoas falavam de um arrastão que ocorria naquele momento ali fora com tiros disparados, inclusive. Depois tudo ficou esclarecido. Falei com um vigilante que me informou: fora apenas um trombadinha, dos muitos que agem no centro, que roubara alguém, saíra correndo e um policial foi atrás. Tudo normal para o centro de qualquer grande cidade brasileira.

Edson Lima, Do Rio de Janeiro