Crime dos ricos: comemoração pela impunidade
Crime dos pobres: firmeza do estado.
Ao chegar a Natal, vindo do Rio de Janeiro e assistir aos jornais locais nesta segunda feira, percebo que, tanto lá como aqui, o crime é a principal pauta dos noticiários. Existe, porém, uma enorme diferença que mostra o tratamento dado ao crime, dependendo de quem seja a sua autoria, tanto lá quanto cá.
Lá, o alvo das operações desencadeadas pelas forças policiais são pobres, pretos e favelados, “aviões a serviço do tráfico de drogas.
Aqui, o alvo são pessoas ricas, brancas moradoras de condomínios de luxo, a serviço da administração pública.
Lá as ações efetivadas tiveram resultados concretos. A ocupação militar das comunidades da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, resultaram, após alguns contratempos às pessoas honestas que moram nessas comunidades, na apreensão de vária pessoas, na morte de pelo menos trinta e na apreensão de toneladas de droga e armamentos, além da desarticulação temporária do varejo do tráfico nessas comunidades.
Aqui, as operações NÃO tiveram, pelo menos até agora, resultados concretos. Ninguém foi preso até agora, ninguém foi ferido, muito menos morto. A não ser se botarmos nessa conta as pessoas pobres que morreram pela falta de assistência médica, causada pelo desvio de quase três milhões de reais pelos acusados na Operação Hígia. Ou na grande quantidade de pessoas que são mortos por causa do tráfico de drogas, tanto lá, quanto cá, pela falta da presença do Estado em ações cidadãs, com saúde, educação, oportunidades de trabalho.
Até quando a presença do Estado só chegará às comunidades carentes de lá ou de cá, em ações externas como as mostradas de forma sensacionalista pela Rede Globo na última semana? Para refletir: Como é que a Rede Globo estava com o seu Globocop naquele exato momento da fuga dos bandidos, se nem o próprio BOPE, ainda tinha chegado lá? É no mínimo estranho.
Edson lima
Coordenador de Comunicação – SINTEST/RN
Presidente do Conselho comunitário do Conjunto Niterói