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sábado, 12 de novembro de 2011

Reinventando a física: Prefeitura fecha farmácias para melhorar o atendimento.

Nós, seres humanos, somos dotados da capacidade da audição, que, se nos permite ouvir o barulho das ondas ou uma sinfonia de Beethoven, por outro lado nos faz escutar coisas desagradáveis ou sem nexo.Coisas que simplesmente não se consegue entender, e, no caso que trato agora, chega a uma tentativa de subverter as leis da física invertendo a ordem das coisas. Todos nós sabemos que se temos determinada quantidade de algum produto ou serviço, ao diminuirmos essa quantidade, a qualidade do atendimento vai cair, pois não? Tomemos como exemplo o serviço de transporte coletivo: temos uma quantidade y de ônibus numa linha, transportando uma quantidade x de passageiros/hora. Se essa quantidade de passageiros não irá diminuir, pelo contrário tenderá a aumentar, é óbvio que, se diminuirmos a quantidade de ônibus a qualidade do serviço irá piorar com mais passageiros sendo transportando por menos ônibus.

Faço essa introdução para comentar um assunto que ouvi num programa jornalístico de rádio. Um agente público, responsável pelo setor de farmácias populares da Prefeitura de Natal, afirmou que a prefeitura iria reduzir a quantidade de farmácias populares para melhorar o atendimento, pode? Este cidadão começou justificando que a quantidade de farmácias seria reduzida porque a lei exige um farmacêutico em cada farmácia. Como a quantidade de farmacêuticos da prefeitura é insuficiente, resolve-se o problema cortando em mais de 60% a quantidade de farmácias. Porque ao invés de diminuir o número de farmácias não se contrata mais farmacêuticos? Essa deveria ser a pergunta que a inexperiente repórter da FM Universitária de Natal deveria ter feito.

Em seguida o nobre assessor informou que outro motivo do fechamento das farmácias era porque os depósitos da prefeitura não tinham estoques suficientes de todos os remédios para todas as farmácias. Não é pra rir? E porque não se adquire remédios para todas as farmácias ao invés de fechá-las? Aí o camarada se perdeu de vez. Disse que ao diminuir a quantidade de farmácias o estoque, antes insuficiente, como num passe de mágica, se tornaria suficiente e... pasmem!, a prefeitura não precisaria gastar mais nada. Já pensaram que argumento inteligente? E os pacientes? Ah! Eles apenas iriam ter de andar um pouquinho mais, porém, em compensação, teriam a certeza de que quando chegassem numa farmácia remanescente, encontrariam o seu tão precioso remédio. E de quebra ainda seriam atendidos por um farmacêutico! Que luxo!

Foi patético ouvir essas argumentações do sujeito tentando maquiar a total falta de capacidade administrativa da sra. Prefeita de Natal. E falava com orgulho, aquele orgulho idiota típico das tem pessoas que só fazem o que lhe mandam fazer, só dizem o que lhes mandam dizer. Sequer se preocupam, se do outro lado da informação tem pessoas que pensam e, por isso, sabem que essa lógica defendida por ele, certamente sob os auspícios da sua prefeita, não resistem a um mínimo de questionamento. De minha parte, fico com a exatidão científica quando afirma que se temos determinado volume de matéria em um determinado espaço a pressão é uma. Se diminuirmos o espaço com a mesma quantidade de matéria a pressão aumentará em razão proporcionalmente inversa. 

Essa lógica nos leva a crer que o serviço só tende a piorar, pois segundo o que aprendi nas aulas de história da arte, o único lugar onde o menos é mais é na arte minimalista, vanguarda artística da segunda metade do século XX. E isso já faz algum tempo...

Edson Lima
Professor de Artes Visuais
Designer gráfico da Editora da UFRN
Coordenador de Comunicação – SINTEST/RN
Pós-graduado em Gestão Universitária

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